Há
décadas busca-se significado na palavra trabalho. O trabalho dignifica,
constrói, fortalece e perpetua o homem em seus ideais.
Sempre
pergunto em minhas palestras e treinamentos:
-
Quantos de vocês amam trabalhar? E vejo muitas mãos erguidas. - Agora quantos
de vocês gostam de ficar em lazer? E um número ainda maior de mãos se ergue
euforicamente.
Em
seguida pergunto: Vocês têm o mesmo prazer do lazer em seus trabalhos? A
resposta é quase unânime: “É claro que não professor. Se pudesse eu não
trabalharia, ficaria somente em lazer, e em tempo integral”.
Concluo
então que a conta não fecha! E começo a perceber porque existem tão poucas
pessoas felizes em seus trabalhos e com resultados profissionais e de vida realmente
expressivos. As pessoas em sua maioria não têm intimidade e prazer algum no que
fazem.
A
intimidade encontra-se no âmago¹ da
competência. Tem a ver com compreensão, com a convicção e com a prática de
fazer e entregar seu trabalho com absoluta excelência. Tem a ver com o trabalho
de cada um entregue em benefício de todos.
A
propósito: Você tem intimidade com o seu trabalho?
Pois
a intimidade com o trabalho conduz a uma competência sólida no sentido pessoal,
operacional, estratégica e é diretamente relacionada ao prazer no trabalho e
seus resultados obtidos.
Exercer
funções de fiscal de departamento no chão de fábrica ou em uma oficina de
manufatura é fundamentalmente diferente de promover seminários sobre o assunto.
A intimidade com um trabalho leva-nos a compreender que, quando pessoas
treinadas executam uma tarefa, precisamos ensinar não só a técnica, mas também
a arte da mesma. E a arte tem sempre a ver com a personalidade do operador e
como ele traz “vida” à máquina.
A
intimidade é a experiência da propriedade, que deriva com frequência da
dificuldade, dúvida, exasperação² ou
mesmo necessidade de sobrevivência.
As
convicções estão ligadas a intimidade. Figuram antes das normas, padrões ou
mesmo práticas. A prática sem convicção constitui de uma existência sem
esperança. Os administradores que não têm convicções e apenas entendem a
metodologia e quantificação, são os eunucos3 da era moderna. Nunca podem
incutir competência ou confiança... Nunca têm prazer no trabalho e jamais serão
verdadeiramente íntimos com seus ambientes e vocações.
Preocupo-me
com as intimidades funcionais, pessoais e tecnológicas, sempre! Temos que nos
preocupar com elas quando concebemos as estruturas organizacionais, que, no
fundo, são os mapas das estradas que nos ajudam a trabalhar em conjunto e nos
fazem evoluir em nossa totalidade. Por estas estruturas nos guiaremos por toda
a nossa vida e carreira, que nos levarão a resultados, reconhecimento, ganhos e
nossos tão esperados momentos de lazer.
Quem
não possui intimidade com o que faz, acredito que seja um escravo da era
moderna, portanto é um autômato assalariado sem vida ou brilho nos olhos
indiferente do que faça e que títulos carregue em sua vida “corporativa”.
A
intimidade com o trabalho afeta diretamente a nossa autoestima, nossa
responsabilidade e os resultados de autenticidade no processo do trabalho. A
paixão pelo que se faz retrata em partes essa intimidade, e aqui eu pergunto:
Você
tem o mesmo prazer no trabalho que você tem no lazer?
No final do artigo há um teste
que poderá auxiliá-lo nesta resposta.
A
outra parte retrata a questão de ganho em relação ao seu trabalho: Se hoje você
ganhasse uma herança que te proporcionasse a possibilidade de investir e
evoluir na sua carreira, atuando no mesmo segmento, você continuaria?
Não
devemos pensar que podemos chegar à intimidade sem esforço ou obedecendo a uma
fórmula. Também não preserva a facilidade, pois nem tudo que fazemos é regado
somente a alegrias. Cada profissão tem seus próprios “inimigos”. Em nossas
atividades de grupo, a intimidade é traída por fatores como normas sem
fundamento, medidas de curto prazo, arrogância de superiores ou de clientes,
superficialidade e uma orientação mais para o ego que para o bem coletivo, e cabe
a nós o discernimento de transformarmos problemas em soluções.
A
superficialidade é inimiga da intimidade de uma maneira especial. Quando penso
cuidadosamente na razão pelo qual fracassam algumas pessoas competentes, cultas,
enérgicas e bem apoiadas com instrumental de qualidade, vemos que, com
frequência é o fio “vermelho” da superficialidade e falta de comprometimento com
o que “tentam” fazer as coisas que os afundam. Nunca se envolvem de forma
pessoal, séria e responsável na tarefa que executam, e na maioria das vezes
nunca entregam o que “prometem”.
A
intimidade é traída pela incapacidade de nossos líderes de focar e proporcionar
continuidade, ambiente sadio e ritmo. É traída pelo fato de encontrarem
complexidade onde deveria pontificar a simplicidade. Os líderes que
sobrecarregam as pessoas em vez de capacitá-las a fazerem o seu melhor, traem a
intimidade e destroem de forma coletiva a si mesmos e aos resultados.
A
intimidade é um catalisador e propulsor natural nas empresas e na sociedade. Na
realidade nós não vamos às nossas empresas, elas é que vêm e vão conosco.
Portanto nenhuma empresa ou instituição pode alcançar coisa alguma sem que as pessoas
as tornem o que são. Nossas empresas nunca podem ser nada que não desejamos que
sejam. Quando encaramos o trabalho nessa perspectiva, desenvolvemos uma
intimidade real com ele, que aumenta o valor do trabalho, de nossas
organizações e fundamentalmente de nosso prazer, perspectivas, autoestima,
ganhos financeiros, prosperidade e também equilíbrio.
Encontramos
a intimidade por meio de uma busca do conforto com a ambiguidade4. Não nos
desenvolvemos conhecendo todas as respostas, mas vivendo com as perguntas e
novos desafios apresentados através de cenários mundiais e incertos. A
intimidade deriva da tradução de valores pessoais e corporativos em práticas de
trabalho cotidiano, da busca do conhecimento, sabedoria, do fazer o que é justo
e perfeito, da melhoria contínua. Acima de tudo, deriva de relacionamentos
sólidos e os incrementa. A intimidade é uma maneira de descrever o
relacionamento que todos desejam no trabalho, onde muitos deles também se
transferem para a vida pessoal... Pois passamos em média 2/3 de nossas vidas
nos ambientes de trabalho ou em ambientes diretamente influenciados por ele. A
intimidade tem que fazer parte do que construímos no trabalho e também na vida!
De
maneira geral, há dois tipos de relacionamento na empresa. O primeiro é
facilmente compreendido, é o contratual, que regulamenta o trabalho conjunto.
Já mencionei acima alguns de seus efeitos nocivos. No entanto há necessidade de
mais, em particular hoje, quando a maioria dos trabalhadores se compõe
essencialmente de “assalariados”, raramente as pessoas se percebem construindo
algo mais elevado, infelizmente. Precisamos trabalhar de fato para o bem
coletivo, a qualidade de vida, a melhoria potencial do ambiente e com dedicação
plena em fazer bem feito e com isso lucrar sobre as engrenagens da
responsabilidade, equilíbrio e sustentabilidade.
Acredito
em três elementos-chave na arte do trabalho em conjunto que consistem em:
·
Enfrentar a mudança;
·
Enfrentar o conflito intrapessoal e
interpessoal; e
·
O modo de alcançar nosso potencial através de
trabalho dedicado.
Um
contrato formal quase sempre se apaga sob a inevitável dureza do conflito, da
competição e da mudança. Um contrato não tem nada a ver com o alcançar nosso
potencial, entrega voluntária, capacidade, energia e atitudes construtivas.
Isso sim faz a diferença na construção dos pilares do progresso.
Sempre
que eu preciso retirar de minha gaveta um contrato para rever o que foi firmado
pelo caráter, pela palavra e pela confiança, percebo de imediato que os resultados
estão comprometidos. Pois uma sociedade baseada na letra da lei, que nunca
aspire a nada que é mais elevado, não consegue tirar proveito de toda a gama de
possibilidades humanas. A letra da lei é demasiadamente fria e formal para
exercer uma influência benéfica para a sociedade. Sempre que o tecido da vida é
elaborado com relacionamentos “legalistas”, cria-se uma atmosfera de
mediocridade espiritual que paralisa os impulsos, amores, e aspirações mais
nobres dos homens. E, mais adiante, quando as coisas são feitas somente sobre a
demanda do papel, depois de atingido certo nível do problema, o raciocínio
legalista induz a paralisia, impede o senso das pessoas de ver o seu
significado de vida, de envolvimento, de criatividade, de liberdade e de ser
importante na essência do ser.
O
relacionamento de consenso, por outro lado, induz a liberdade, a vida, ao
crescimento. Apoiam-se em compromissos partilhados com ideias, situações,
valores, metas e processos reais de gestão que conduzem a resultados e
lucratividade sustentável em todos os termos da palavra. Termos como: respeito,
zelo, amor, influência, ternura, química pessoal são indiscutivelmente pertinentes
e percebidos diretamente, e em tempo integral. O relacionamento consensual
cresce de forma aberta e influente, além de satisfazer necessidades profundas,
e permite que o trabalho tenha significado e seja pleno e satisfatório a todos.
Refletindo ainda unidade, graciosidade, valores e postura como uma expressão de
natureza sagrada e construtiva aos relacionamentos.
O
relacionamento de consenso permite que as empresas sejam hospitaleiras a
pessoas que pensem diferente, toleram “informalidade” e transformam erros para a
busca do novo. Estou convencido de que melhor processo de gestão para o
ambiente atualmente é o participativo, baseado na confiança, na execução
impecável do que é firmado e no relacionamento consensual.
Firmo
ainda que o maior bem de uma companhia não são as pessoas; são as pessoas que fazem diferença no ambiente SOMANDO com a sua
dedicação, sua pontualidade, seu comprometimento, seu amor, seu respeito às
equipes, seu prazer em entregar o seu melhor... E deveria ser esta a
métrica no momento de receberem seus salários!
Como
podemos começar a alimentar a nossa intimidade então? Bem, uma maneira consiste
em fazer perguntas e procurar respostas.
·
De que modo você relaciona a sua companhia com
a sua história?
·
Que negócio explora?
·
Quem são as pessoas que te influenciam na
empresa, e como elas o fazem feliz?
·
Quem são as pessoas que te influenciam na
empresa, e como você as recompensa?
·
Quem são as pessoas que te influenciam na
empresa, e como você as influencia para um resultado positivo em relação ao
mercado, carreira e sustentabilidade?
·
Como você enfrenta a mudança e o conflito?
·
Qual é a sua visão de futuro? O que está
fazendo neste sentido? E o que pretende tornar-se para a empresa, para a sua
família e para a sociedade?
Indiferente
do cargo que exerça, seu prazer no trabalho estará diretamente ligado a essas
perguntas, e espero sinceramente que saiba o que está fazendo e o nível de
intimidade que o levou até este momento de sua vida. Pois os líderes são
obrigados e tem elevação moral para ponderar estas interrogações.
Sei
que você é inteligente, e quero que saiba que neste mercado a maioria o é, mas
que só a inteligência não basta, não o levará a plenitude de sua profissão. Em nossas
equipes queremos pessoas com quem as outras gostem de conviver, que tenham o
prazer da amizade, do compartilhamento, da intimidade e do querer bem.
O
prazer, os resultados, o ato da liderança, se queremos intimidade com o nosso
trabalho, exigem estes conceitos e boas práticas, no mínimo. Eu acredito que todos
nós temos esta capacidade de criação rumo a objetivos cada vez mais elevados.
TESTE: Você é feliz na sua atividade atual?
Por
favor, responda com o máximo de sinceridade, pois você só tem a ganhar com essa
atitude.
1.
Sempre que posso chego antes do horário e se
preciso fico um pouco mais após o expediente mesmo que não ganhe horas extras
por isso?
2.
Enquanto você trabalha, sente-se de bem com
você e com o ambiente?
3.
Voluntariamente você sempre faz ou sugere
melhorias em seu trabalho?
4.
Você adora colaborar com os outros membros de
sua equipe na sua atual atividade?
5.
Você faz questão de aprender mais sobre a sua
atividade diariamente?
6.
Você acrescenta capricho ao que está fazendo
atualmente, mesmo que não receba nada a mais por isso?
7.
Você pensa, fica feliz em pensar e fala bem de
seu trabalho fora dele?
8.
Você se considera uma pessoa leal em relação a
sua empresa?
9.
Você é visto como uma pessoal essencial a sua
equipe de trabalho?
10. Você
muda pouco de emprego? E acredita que isso seja uma virtude?
11. Você
vê as mudanças no trabalho como novos desafios, e novas chances de crescer
pessoal e profissionalmente?
12. Você
procura soluções quando tem de resolver alguma dificuldade da equipe e dos
clientes, ou sempre se justifica por não fazer nada porque aquela é a política da
empresa?
13. Você
zela a empresa e defende o patrimônio da sua área de serviço como se você fosse
dono da empresa?
14. Você
se antecipa a possíveis quebras, acidentes, ou prejuízos que possam prejudicar
a você, a equipe que pertence e a sua empresa?
15. Você
evoluiu o seu nível de crescimento profissional nos últimos 2 anos?
16. Você
sente prazer em acordar de manhã para ir trabalhar?
17. Você
tem intimidade com pessoas que trabalha e sente que influencia os resultados
positivos de sua empresa?
18. Você
tem consciência que sua “altitude” pessoal e profissional depende de suas
atitudes diretas no seu dia a dia?
Resposta do teste:
Nenhum SIM = Você simplesmente odeia o que faz. Procure
outra atividade e faça a sua vida valer a pena.
De 4 a 7 SIM = Você atura o que faz. Selecione outra atividade
e mude assim que puder, pois não terá fruto algum na que está.
De 8 a 9 SIM = Você tem certo prazer no que faz mas na
concorrência com membros de sua equipe e não os auxiliando. Você dificilmente
será promovido apesar de ter muita capacidade.
De 10 a 13 SIM = Você tem prazer no que faz. Sem dúvida está no
caminho. O sucesso virá em longo prazo, pois você precisa exercer mais
influência em sua equipe e nos seus superiores diretos.
De 14 a 18 SIM = PARABÉNS! Você está no caminho certo: tem
prazer, paixão, e faz impecavelmente o seu trabalho. Seu sucesso será
constante, sua energia contagia e sua influência acontece dentro e fora de seu
ambiente de trabalho. Aguarde ofertas de promoções e mantenha-se preparado.
Você passará a ser sondado também por clientes de sua empresa e pelos
concorrentes diretos dela, portanto mantenha seu zelo e postura que o trouxeram
até aqui.
Tenham
um fabuloso dia hoje e sempre... Pois o MERCADO é do TAMANHO de sua IMAGINAÇÃO.
¹Âmago: centro; cerne; a parte
fundamental, principal, essencial.
²Exasperar: tornar áspero; enfurecer;
irritar; agravar.
³Eunuco: homem impotente ou fraco.
Ambíguo:
que se pode tomar em mais de um sentido; equívoco,
impreciso.
Um forte abraço e Sucesso Total !
Roberto Lopes
Um forte abraço e Sucesso Total !
Roberto Lopes